domingo, 28 de setembro de 2008

Quais são as suas qualidades?


Esses dias estava conversando com uma amiga sobre outra amiga e comentamos como ela é gente boa, incapaz de fazer mal a alguém, super honesta e responsável, e como é difícil encontrar gente assim hoje em dia. Aí me deu um click. Espera um pouco. Ela não faz mais do que a obrigação. Desde quando as características mínimas necessárias para se viver em sociedade se tornaram qualidades?


Honestidade, responsabilidade, não ferir ou prejudicar os outros, tratar a todos com respeito, não julgar as decisões e gostos alheios não são qualidades. São deveres. Qualidades são aquelas coisas que vão além do neutro. Se você é engraçado, isso sim é uma qualidade, já que ninguém tem a obigação moral de ser engraçado. Se você cozinha bem, idem. Agora, se você se orgulha de não fazer mal a ninguém, sinto muito, você é simplesmente o mínimo necessário.


Triste constatar que características tão básicas são hoje vistas como dignas de uma Madre Tereza, até mesmo por mim. Triste viver achando que egoísmo e arrogância são a regra, que dar um jeitinho é normal. E isso se manifesta nas coisas mais simples, na fila cortada, no troco a mais não devolvido, na bebida a menos na conta do bar, na cultura do carão.


Bondade é Amélie. É dar um passo a mais, é fazer um esforço fara fazer alguém feliz. Isso tudo que a gente faz e se orgulha, provavelmente, é só o que, em tese, nos separa dos animais. E talvez os animais sejam mais humanos.
Pense nisso. Você tem, de fato, qualidades, ou faz só o mínimo?



terça-feira, 16 de setembro de 2008

A Casa Caiu


Literalmente. Nunca imaginei que algo assim fosse possível, mas o teto do quarto da empregada está caindo. Bem, na verdade eu não sei se está caindo mesmo, já que, apesar de ser filho de engenheiro civil, meus conhecimentos sobre resistência de materiais e danos estruturais não passa muito de tudo aquilo que pode ser visto no Discovery.

Tudo começou no dia em que olhei ao meu redor e resolvi que a minha casa estava feia. Havia uma mancha de mofo no teto da sala, lugares onde os móveis tinham riscado a parede, o jardim sem plantas, a pintura das portas ficando velhas, a persiana caindo.

Imbuído de espírito "Minha casa, sua casa", fui até a Telhanorte e comprei massa corrida, tinta, furadeira, persiana e o que mais eu achava curioso, necessário ou bonitinho. No primeiro dia consegui acabar com a mancha de mofo. No segundo, pendurei a persiana nova. No terceiro, lixei o teto da sala. O fim-de-semana acabou, a semana passou e fui visitar meus pais. Depois eu termino.

Nesta semana fui colocar comida para meu cachorro (que como não tenho empregada que more aqui, se apposou do quartinho) e vi o teto. Bizarro. Rachos se espalham como teia-de-aranha e formam uma área que está visivelmente maix baixa. inicialmente, pensei que fosse só a tinta e fiquei feliz por ter comprado muito mais massa corrida do que o necessário para a sala. Mas não. É a lage, dura, sólida, rachada.

Foi então que encarei o fato de que, apesar do trabalho ok na sala eu não sei nada dessa porra. Fechei a porta e ela continua fechada até hoje. O cão vai ter que morar no banheirinho. Pelo menos até meu tio, que também é engenheiro, vir dar uma olhada.

Mas o que me preocupa é: Será que isso é um sinal para eu parar de me meter a pedreiro ou apenas o cosmo querendo realizar meu sonho de demolir o quartinho e fazer um jardim?

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Madonna virou Deus e ninguém me contou?


Meu Deus! Parecia que o site estava distribuindo lugar VIP no céu, de graça. Nunca vi tanto viado desesperado no MSN. Resolvi não escrever ontem para não descarregar um cordel de impropérios contra as três gerações vindouras dos funcionários da T4F - até porque esses, sim, deveriam estar desesperados, tentando consertar o inconsertável por horas sem fim e sabendo que seus chefes estavam enchendo os bolsos.

Comecei minha jornada à meia-noite, como todos, mas logo vi que não ia rolar. Lá pelas duas desencanei e fui tirar um cochilo. Acordei quase às cinco e voltei para o computador, fumando como uma puta velha. Lá pelas seis consegui os seis ingressos que ia comprar e fui dormir...ou tentar. Depois das nove da manhã começaram os telefonemas. "Vc conseguiu?", "Meu, só dá pau!", "Vc vai para o Credicar Hall?".

Depois vi as notícias das pessoas nas filas, chorando, dormindo por duas noites na barraquinha, fazendo dívida no banco para comprar o ingresso. Gente, espera um pouco! É só um show!

O desespero de todos, pagando os preços mais caros de toda a turnê (levando-se em conta o poder aquisitivo da população) serviu para mostrar o quão à margem do mundo do entretenimento o Brasil ainda está, apesar de ser um dos países mais influentes no mundo, e com mais grana para gastar com superficialidades. Me deu um pouco de pena, afinal, como quase nunca há shows desse porte aqui, parece que eles valem mais do que a dignidade.

Eu tive sorte. Nem saí de casa e dormi umas sete horas. Se não tivesse tido essa sorte, com certeza não iria ao show, nem que fosse o show da volta de Jesus e ele fosse cantar todos os sucessos da Madonna.

Só espero que toda a muvuca sirva para colocar o Brasil no roteiro mainstream. E me consola saber que para comprar o ingresso do show da Kylie, daqui a uma semana, eu não vou ter que contar tanto com a sorte.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Clientes barraqueiros nunca têm razão!


Se tem uma coisa que me irrita profundamente é gente que não tem razão ou não sabe do assunto criticando meu trabalho. Na verdade, bom escorpiano que sou, odeio que me critiquem e ponto, mas os anos de convívio social me ensinaram que eu posso, sim, errar. Tudo bem.

Hoje uma aluna, que é bancária e, imagino, muito competente no seu trabalho ( sobre o qual eu jamais meteria o bedelho já que mal sei a diferença entre DOC e TED), me puxou de lado para me dizer que não concorda com a minha metodologia. Eu expliquei, com toda a calma, que a metodologia não é minha, mas dos teóricos que a desenvolveram e da escola que a adotou. Mas que eu, de qualquer forma, concordo com ela por X, Y e Z.

Ela então começou a subir o tom de voz, assim, na frente de todos. Minha vontade era de gritar: "Querida, que porra sabe você sobre metodologia??" e até imaginei a cabeça dela explodindo num a chuva de confetes. Me contentei com explicar que não podia mudar o método da escola mas que buscaria uma forma de ela ficar satisfeita, de adaptar tudo ao que ela busca.

Tenho medo de soar arrogante, mas se a gente contrata um serviço é porque a gente não sabe, não pode ou não quer fazê-lo. Eu não vou ligar para o Spielberg e dizer que achei "A Lista de Schindler" meia-boca e que ele não sabe fazer cinema e dar dicas para que ele melhore. Assim como riria da cara do Spielberg se ele viesse dizer que não sei dar aula.

Claro que não sou irrascível, aceito sugestões e pedidos, desde que feitos como o que são, pedidos e sugestões. Recebo ordens das minhas chefes, e isso me basta.

A culpa disso é do ditado que o cliente tem sempre a razão. O caralho! Então quando eu trabalhava em um bar e o cliente completamente bêbado vinha gritar comigo porque ele tinha que esperar dois minutos enquanto eu atendia os outros 15 clientes que tinham chegado ali antes estava certo?

Meu conselho, para mim e todos nós: reclame, sim, se o serviço não te agrada. Mas educadamente, tentando entender todo o processo, aberto a ouvir o outro. Afinal, bater no peito e gritar sem argumentos só mostra o quão ignorante você é. Lembrem-se de como foi quando fizeram isso com vocês.
Na foto, Naomi, diva-mor do barraco.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Será que eles são?


Tudo está aparentemente indo super bem na minha vida, sem grandes crises, pelo menos até que começe o meu infero astral. Então, vou aproveitar o ensejo e me dar o direito de escrever posts leves e supostamente divertidos. Com o passar das semanas deste semestre, já estou começando a conhecer melhor meus alunos. Assim, aqui vem o post mais manjado de todos, mas sempre divertido de ler - e escrever: Como saber se meus alunos (ou qualquer outro, na verdade) são gays?


Aparências podem enganar, claro, mas há sempre aqueles 10 detalhezinhos que entregam:

1) Óculos de sol. Não sei porque mas toda bicha adora uma aura de mistério e abusa dos grandes, de preferência aviadores os máscaras. Se for aviador espelhado (afinal, não é porque é gay que tem que ter bom gosto), não só é gay como bate cartão na The Week;

2) Calça skinny;

3) Saber qualquer nformação não óbvia a respeito de: Madonna, Cher, Rihanna, Cristina, Mariah, Zach Effron, Mika, Sex and the City, Lindsay Lohan, Maria Callas, Judy Garland ou saber qualquer informação, mesmo óbvia, sobre Kylie Minogue. Britney e Paris Hilton, infelizmente, não são mais confiáveis devido à imensa exposição;

4) Cabelo que obviamente passou pelo processo secador + pomada, spray ou ambos;

5) Sonhar com morar em Londres, NY ou Paris e viagens demasiado freqüentes para Buenos Aires (Para os HTs, uma vez basta);

6) Conhecer, e ler, TDUD?

7) Ter um whippet, buldoque francês, pug, schnauzer, scottish terrier, chiuaua ou maltês. Se tiver o nome de alguma celebridade ou nomes exóticos de gente, então...(os peludinhos, como poodle, yorkshire, lhasa apso, chow-chow e shih-tsu podem ser da mãe ou namorada);

8) Beber coquetéis ou qualquer coisa alcóolica que não seja cerveja, ice, vodca com energético, whisky, cachaça ou vinho;

9) Não mencionar futebol;

10) Fazer elogios às roupas, cabelos, unhas, sapatos, acessórios ou maquiagem das mulheres presentes ou ausentes. Para os HTs o mundo feminino se resume em "Gostosa" ou "Baranga".

Claro que tudo isso é puro preconceito e generalização, mas é bom ser politicamente incorreto de vez em quando.

Claro também que essa lista é incompleta. Sinta-se à vontade para adicionar os seus próprios métodos.

domingo, 17 de agosto de 2008

Considerações sobre Olimpíadas


Pois é. As Olimpíadas bombando, não se fala de outra coisa (juro que a próxima vez que eu escutar o nome Cubo D'Água eu explodo) e eu não sabia se queria, afinal, escrever ou não sobre o tema. Ganhou a primeira.


Não sou um grande fã de esportes (na verdade não sou nem médio), mas algo me força a dormir menos horas todas as noites porque afinal, ver ao vivo a etapa classificatória da regata da classe 470 de repente se tornou fundamental para mim. Por sinal, aprendi a diferença entre barlavento e sotavento. Como vivi até agora sem saber isso?


Inutilidades à parte, percebi que, na verdade, o momento de ter orgulho do país faz com que eu veja suas falhas mais evidentemente. Cada derrota me lembra da famigerada pregüiça macunaímica e do pouco estrutura que os atletas (exceto, claro os de futebol) têm. A objetividade impede o jeitinho brasileiro. As vitórias (parcas até agora, por sinal) são méritos individuais, alguém com muito talento que conseguiu o que queria APESAR o Brasil. Não é assim que vivemos, no final das contas?


Sério demais? Tá bom, também fico puto porque os brasileiros (de lá e daqui) são feios. Pronto, falei!


Num âmbito mais pessoal, me sinto um pouco inútil. Não há muitas glórias e reconhecimento para professores de inglês. Quando era pequeno, sonhava em ganhar a medalha de ouro na ginástica olímpica. Hoje, sonho com as férias. Patético?


Não posso dizer que as Olimpíadas me fazem muito bem, certo?


Errado. Porque depois de pensar em tudo isso coloco o despertador para as 7 da manhã para torcer pelo Brasil. Penso bem e chego à conclusão de que eu faço a minha parte para tornar o mundo infinitamente mais tolerante, sou uma companhia agradável, garanto que o sexo não seja tedioso, com os cosméticos e as roupas certas ajudo a fazer o mundo mais bonito, cuido muito bem do meu cachorro, faço meus alunos se cagarem de rir e consegui superar a minha avó no grão-de-bico.


Sou bom para caralho! E acho que se olharmos bem, todos podemos encontrar as coisas que fazemos bem e, mais importante, aquelas que nos fazem bem. Mesmo que elas impliquem em acordar às sete da manhã no domingo.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Teorias do Fundo do Poço


Em primero lugar, quero agradecer à força dada por todos vocês, freqüentadores novos e habitués. É bom saber que posso contar com a força de pessoas que nem conheço em momentos não tão bons.


Entretanto, decidi não seguir os conselhos de bola para a frente e a vida continua, quero explicar o porquê.


Não sei quanto a vocês, mas minha maior reclamação no que tange à minha própria vida é o marasmo no qual me vejo preso 80% do tempo. Rotina, as mesmas séries, as mesmas músicas, as mesmas pessoas na mesma balada. Sinto que posso prever cada minuto de cada dia de cada semana, e que o desenrolar das horas vai me trazer diversão, decepção, oscilções de humor etc., mas tudo de maneira contida, semi-planejada e, invariavelmente, monótona.


Assim, as chances de assistir a "Dançando no Escuro" e me deixar chegar a um estado lastimável, largado no sofá sem fazer a barba, com um cinzeiro cheio e uma garrafa de coca pela metade no chão, enrolado no endredon e constatando entre soluços o quão desprovida de sentido é a minha vida, não acontece todos os dias. Na verdade, se acontecer uma vez por ano já é notável.


Minha escolha desta vez incluiu "Antes do Pôr-do-Sol", Alfajores (trazidos da viagem à Argentina que causou todo o problema, o que deu uma nota ainda mais amarga) e Norah Jones, mas estes podem variar. O que não pode faltar é a auto-piedade, as noites mal-dormidas, a cara de cu no trabalho e a atitude Greta Garbo - Leave me Alone!


O tempo no fundo do poço é curto. A gente sempre acaba desenvolvendo uma muralha de gelo que previne a dor e o sofrimento, quando, na verdade, devríamos aproveitar os momentos ruins tanto quanto aproveitamos os bons. São tão frágeis e efêmeros quanto estes, mas nos fazem crescer em dobro.


Portanto, da próxima vez que você sentir que o céu ai desabar sobre sua cabeça, não finja que está tudo bem, que é forte, que tudo aquilo não quer dizer nada para você. Deite-se de barriga para o ar e preste muita atenção às nuvens que se aproximam. Vulnerável e aberto.


Uma amiga me disse uma vez que no fundo do poço há uma mola, pronta a te jogar para o topo de novo. Só que para achá-la, é preciso se enfiar na lama. Chafurde!


Agora, que Alfie e eu fizemos as pazes e estamos super-hiper-felizes juntos de novo, posso ter a certeza de que ele me fez sentir como há muito ninguém fazia.




segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Travesuras del niño malo!

Karma. Essa pequena palavrinha contém o segredo do mundo. Temos que ser bons para não nos fodermos no futuro, certo? Ou temos que ser bons para fodermos no futuro? Enfim. Acabo de voltar das férias em Buenos Aires e minha situação amorosa não poderia ser mais distinta do que no começo das férias.
Quando saí daqui estava dividido entre Alfie e Chico Latino. Gosto muito dos dois e ambos aparentemente gostam muito de mim. O único problema é que nós não estamos culturalmente preparados para a bigamia.

Levando-se em conta que Chico Latino mora em Buenos Aires e Alfie está aqui pertinho, embarquei decidido a usar a visita ao Chico como uma espécie de despedida, um "até um dia quando possamos viver na mesma cidade". Estava pronto para voltar e começar uma história feliz com Alfie.

A leitura da viagem foi "Travesuras de la Niña Mala". Me identifiquei com o personagem-narrador, Ricardito, que, como eu, trabalha com idiomas, idealiza a vida na Europa, idealiza o amor, passa por cima do orgulho próprio por este e, invaravelmente, se fode. Todos os dias lia um pouquinho enquanto fazia o número dois e me chocava com as merdas que "niña mala" fazia.

Cumpri todos os objetivos. Comprei um casaco de couro, saí bastante, aproveitei a talvez única chance de passar um tempo com o Chico Latino e consegui explicar para ele que não poderíamos parar nossas vidas pensando um no outro, que ele ia, sim, sair com os amigos, beijar na boca, arranjar um namoradinho, assim como eu, e que, se as estrelas e os deuses quiserem, um dia iríamos acabar batendo na porta um do outro.

Mas isso foi só metade da jornada. Voltei para São Paulo onde teria que encontrar Alfie e explicar para ele que dormi com quinze dias com o Chico Latino mas que estava pronto para ele. Claro que não colou! Óbvio que não colaria!

Terminei o livro na véspera da conversa com Alfie, entrevi o futuro e me acabei de chorar, pois vi que eu não era o Ricardito, mas a Niña Mala. Notei que com minha indecisão, meu medo de perder os dois niños buenos que tinha diante de mim, magoei ambos e acabei sem nenhum, merecidamente. Karmicamente.

Agora, enquanto Norah Jones e Amy Winehouse cantam repetidas vezes no meu estéreo, tento recolher os caquinhos que me restam e tomar coragem para recomeçar a jornada. Antes, porém, convém chafurdar um pouquinho mais na lama aqui do fundo do poço.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Perdao



Tenho contas a prestar. Devo, nao nego. Mas sem til ou acentos explico que nao escrevo porque estou em Buenos Aires, sem internet facil, por isso nao escrevo.


Tambem me desculpo por tudo o que eu fiz de egoista ao longo da minha vida. Pela metade maior que sempre pego quando vou dividir algo com alguem, pela mania de puxar so para mim o edredon.


Me perdoem pelos erros que feriram as pessoas que nao mereciam ser feridas, pelos namorados de amigos que peguei numa noite de loucura, pelas mentiras que contei para poder sair com os amigos quando ainda era adolescente.


Pesso (eu sei que eh com cedilha, mas nao queria que voces lessem o verbo pecar - maldito teclado) perdao pela fome na Africa, opressao no Tibet e ignorancia nos EUA.


Agora, com a consciencia mais limpa, me jogo ainda mais por aqui. Com alguns pecadinhos de credito!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Too much, too quick


Não posto há umas duas semanas, mas tenho razões para isso. Um turbilhão fez desse final de junho e começo de julho o período mais cheio de problemas/solucões/casos/acasos/ desdobramentos/acidentes do ano. A saber:

- Comprei um celular novo;
- Minha avó caiu;
- Meus pais apareceram de surpresa para um finde bacana;
- Minha avó quebrou o fêmur;
- Alfie anunciou que não vai mais viajar comigo;
- Fiz um grão-de-bico fenomenal;
- Assisti (finalmente) Sex and the City;
- Minha avó passou por uma cirurgia;
- Regularizei minha situação com Alfie de forma que continuamos sem saber onde estamos, mas agora sem se importar com isso;
- Mini foi mandado embora da escolinha (que sorte a dele!);
- Minha avó saiu bem da cirurgia;
- Decidi que vou mudar para Londres em mais ou menos um ano;
- Mini já encontrou outro emprego;
- Convidei Alfie para mudar para Londres comigo;
- Comprei uma jaqueta fantástica, um tricô de velho lindo e duas camisetas;
- Terminei de ler 1984;
- Percebi que perdi todo o trabalho da musculação e natação depois de 3 meses sem pisar na academia;

Algumas coisas são boas, é verdade. Outras são ruins, é fato. Entretanto, são todas informações digeríveis, se individualmente tomadas. A única coisa que me perturba é a velocidade de tudo, a intensidade do período como um todo. Cinco meses em 15 dias.

E pior, será que por comparação cou achar o resto do ano CHATO?

Odeio quando o trânsito dos planetas, anjos, luas, antepassados, espíritos, orixás ou o que quer que seja que define nosso destino, acumula milhões de informações em um espaço de tempo curto.

Sempre fui muito intenso e venho trabalhando a paciência, a temperança e a constância. E agora isso! Ironia ou sinal de que racionalização e medida não são para mim?

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Já foi bom para alguém hoje?


Um amigo de blog me pediu para divulgar essa postagem do blog da Lele(http://everywomansamadonna.blogspot.com/2008/06/ontem-eu-fui-ao-carrefour-villa-lobos.html) sobre maus-tratos a duas crianças pelo segurança de um supermercado, tudo testemunhado por ela. Li e isso tudo me remeteu àquelas notícias relativamente recentes do pai que manteve a filha em cativeiro por sei lá quantos anos e, claro, da onipresente Menina Isabella.


A mídia cada vez mostra a deterioração dos valores e das relações de forma mais óbvia. Então, me pergunto, somos piores hoje do que éramos no passado ou Hobbes estava certo e o Homem sempre foi e sempre será intrinsicamente mau? Somos todos montsros egoístas, no final das contas?


O mal sempre existiu. Estão aí todas aquelas datas de guerra que tínhamos que decorar no colegial que não me deixam mentir sozinho. A diferença é a cobertura da mídia.


O maior problema não são as Isabellas e as austríacas cativas. Essas são bizarrices que sempre vão existir. São exceções. O grande mal é, de fato, a pequena maldade do dia-a-dia, o pequeno egoísmo no café-da-manhã.


Claro, é muito mais fácil e conveniente pensar apenas no próprio bem do que pensar em várias soluções até achar uma que seja melhor para as pessoas à nossa volta e que, convenhamos, não são tão importantes assim.


E todos nós caimos nessa armadilha de vez em quando. Eu mesmo me deixo envolver com Alfie sem pensar o suficiente no que ele pode vir a sentir nas nossas férias, quando ele vai ter que amargar dormir em um quarto enquanto eu vou dividir a cama em outro com o Chico Latino. Sim, mesmo eu posso ser mau.


Talvez voluntariado seja um passo grande demais para mim, agora. Talvez seja para qualquer um. Que tal então começar pelas coisas pequenas? Clichê como pareça, deve ser mais pedir desculpa para quem tropeça no seu pé na balada do que brincar de Jolie e adotar cinco crianças.


Assim, eu vou tentar ser mais humano com Alfie. Vou esperar que a Lele consiga levar o caso dos meninos espancados até a polícia. E espero que todos possamos dizer "por favor" e "obrigado", parar de fular filas, devolver o troco que o garçom trouxe a mais, assumir a culpa pelos erros ao invés de apontar o dedo e culpar o outro, sorrir para quem está nos olhando na balada no lugar de fazer carão, enfim, fazer escolhas melhores e mais altruístas quando a vida nos dá uma chance.


Afinal, ser gentil não pode ser tão difícil assim.


quarta-feira, 18 de junho de 2008

A Nova São Paulo e o Novo Eu


A boa e velha Terra da Garoa. Acabo de ver um post em um blog (http://www.asetimavisao.blogspot.com/) sobre Sampa e não consegui evitar escrever um pouco eu mesmo sobre a megalópole onde vivo e me perguntar a razão para eu viver aqui.


Nasci em Ribeirão Preto e vim para cá com quatorze anos para fazer teatro. Como todos aqueles criados no interior, sempre tive uma visão idealizada de São Paulo e a cidade não me decepcionou em nada. Entre os 17 e os 20, não conseguia ver defeitos na paulicéia desvairada, pois encontrei um lugar onde não só eu poderia ser gay como era VIP nas baladas, onde podia passar um dia inteiro sentado na Paulista e em todos os meus locais favoritos sem encontrar ninguém conhecido.


Então eu mudei para Londres e me apaixonei. Quando cheguei lá percebi que não gostava mais de São Paulo, que era feia, suja, cheia de gente mal-educada e careta. Fiquei lá por dois anos e percebi que Londres é feia, suja, cheia de gente bem-educada e careta. Voltei saudoso do espírito acolhedor e das baladas tão gostosas.


Três anos se passaram e hoje me incomoda o quanto São Paulo não é acolhedora e o quanto as baladas não são boas. Não estou com muita paciência para o carão provinciano e tudo ficou pior um dia em que eu fui para a The Week e percebi que havia entrada para os proprietários de um cartão gold, para os detentores de um cartão platinum e uma entrada para os VIPs. Perguntei para o host por onde eu entraria, já que não me enquadro em nenhuma das categorias acima. Ele me olhou de cima a baixo com fisionomia inquisidora e perguntou: "Como assim?", ao que eu disse: "Querido, eu não sou ninguém, não vim com ninguém e não sou amigo de ninguém. Quero pagar o preço cheio, a entrada toda. Por onde entro?", e lá vai ele consultar alguém...


Isso me incomoda em São Paulo. O pretenso luxo, a pretensa cultura, o cool, o hype. Sinto falta da São Paulo pré-Diesel, quando a Daslu era uma lojinha na Vila Nova Conceição e era possível ir ao Espaço Unibanco sem ter que comprar o ingresso com antecedência ou ir a um show sem ter que acessar o site dos ingressos nos primeiros vinte minutos da venda. Muita gente, muito ego, pouca coisa realmente interessante!


Hoje, cogito me mudar para Buenos Aires, mas sei que depois de dois anos vou me encher de lá também e, mais uma vez, desejar voltar para minha casa, minha São Paulo, da qual morro de ciúmes e sinto falta, mesmo vivendo aqui.


Então vou me valer do texto do blog mencionado e me propor a redescobrir os mais de 60 museus, os novos parques, os velhos restaurantes, as baladas que não conheço ainda e as pessoas que ainda vou conhecer. Vou reinventar minha relação com a capital e me predispor a gostar de tudo.


Afinal, todo casamento merece isso.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Sexo é Pizza


A visão masculina do sexo tende a ser no sentido de que este é como pizza, até a meia-boca é aceitável. Refletindo e classificando minhas experiências na área, me lembro de (obrigado, Senhor!) algumas trepadas fenomenais, muitas ok e outras tantas que procuro apagar da memória. Mas se sexo é como pizza, por que às vezes desanda?


Em primeiro lugar, é muito fácil atribuir o insucesso da empreitada à outra parte, e para isso serve o silogismo:

Já fiz sexo Bom.
Se fiz sexo bom, trepo bem.
Se trepo bem e essa trepada foi uma bosta, a culpa é do imbecil ao meu lado.


Entretanto, talvez nós, homens, subestimemos o peso do contexto e do momento na performance. Talvez nós tenhamos sido os culpados por muitas das nossas noites mal-dormidas (no sentido dormir com alguém). Afinal, insistimos no sexo pelo sexo, transamos no primeiro encontro ou até mesmo antes dele, criamos expectativas, fornicamos sob o efeito das mais diversas drogas, legais ou não e, acima de tudo, supervalorizamos a atividade sexual.

Claro que nem tudo é culpa nossa. Lembro-me bem do cara que entendeu erroneamente que eu gosto de ser mordido e me deixou com hematomas, do cara que entendeu erroneamente que eu gosto de tapinhas e me deu duas bofetadas na cara, do cara que achou que meu cu era de borracha, do que cismou que meu pinto poderia se dobrar para trás num ângulo indescritível, do que não queria beijar na boca e do que só parou de pedir para eu mijar nele quando eu cedi e, imediatamente, fui embora.


Eu poderia continuar por linhas e linhas, acredite, mas acho que esses bastam para mostrar que, não, a cupa não é só minha, e para validar a necessidade da criação de um manual de etiqueta sexual. Talvez eu mesmo o escreva um dia.

Invariavelmente, porém, chego à conclusão de que sexo é como pizza, fácil, rápido, pode ser encontrado em qualquer esquina e até encomendado por telefone. A pizza, porém (e essa é a verdade que nos negamos a ver), pode ser borrachuda, sem sal, salgada demais ou cheia de fungos. Só me resta, assim, prestar mais atenção na qualidade dos ingredientes, na habilidade do pizzaiolo e no tempo de cozimento. Quem sabe assim possa evitar futura indigestão depois de virar os olhinhos.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Dia dos Namorados


Mal abri os olhos e já pude sentir o peso da data. Dormi no sofá, e até mesmo meu cachorro percebeu que havia algo errado e não me acordou para brincar com sua bolinha na boca como ele sempre faz. Ao invés disso, ficou quietinho me olhando com cara de piedade, a mesma cara que vou ver ao longo do dia nos rostos daqueles que têm algo para fazer depois que sairem do trabalho.

Nunca passei um dia dos namorados acompanhado. Minto, eu passei um em um fondue para solteiros com um garoto com o qual eu estava ficando havia dois dias, mas isso foi há uns sete anos. Sempre achei que fosse uma grande conspiração de Santo Antônio, mas quando estava morando em Londres percebi que São Valentim tampouco vai com a minha cara.

Este ano tenho o Chico Latino, com quem poderia passar a data se ele não estivesse a 1.693.606,70 metros de mim. Também poderia passar a data com Alfie, mas não temos, nem podemos ter uma relação. Então que se foda. Vou, sim, encher a cara com meus amigos solteiros e agradecer por não estar barrigudo como os caras dos casais tomando vinho tinto na mesa ao lado.

O curioso é que, ontem mesmo, na sala de aula, meus alunos foram incapazes de fazer uma lista de dez motivos para se estar em um relacionamento. Inspirado nisso, queridos solteiros, aqui vai a minha lista de 10 razões para levantar a cabeça bem alto nesse dia 12:

10 - Você não precisa ligar para ninguém para dizer aonde vai;

9 - Você pode chegar em casa e deixar tudo uma zona;

8 - Ninguém vai querer discutir o relacionamento;

7 - Você pode passar o fim de semana inteiro na frente do sofá, de pijama, comendo um pote inteiro de Häagen Dazs;

6- Você pode ficar o dia inteiro sem escovar o dente, a semana inteira sem fazer a barba, o ano inteiro sem depilar o cu e ninguém vai reclamar;

5 - Seu suado dinheirinho só precisa ser gasto com você;

4 - Você não vai ter que fingir que gostou do presente;

3 - Você não vai ter que passar pela tarefa hercúlea de reservar uma mesa num restaurante bacana ou pegar a infindável fila do motel;

2 - Você pode beber até cair, beijar quem quiser e transar com quem quiser;

1 - Ninguém vai ver ou tentar entender a lágrima solitária que vai cair no travesseiro hoje à noite.


Então, aproveite o dia e se jogue enquanto pode. Vá para a Lôca, beije muito, trepe muito, beba muito e dance muito. Afinal, no dia 12 do ano que vem, você pode estar namorando.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Na Cama com Alfie



Noite passada o Alfie dormiu aqui em casa com o Mini, os três já com o horário marcado no salão logo cedinho, para um corte coletivo de cabelo (nossa! Dito assim fica parecendo iniciativa da Prefeitura em Sapopemba!).


Dormimos os três na minha cama, vestidos desta vez, com Alfie no meio. Havia prometido à Madrinha da Bateria, que também trabalha com a gente, que não tomaria nenhuma iniciativa para beijá-lo, Afinal, o caso com Alfie não pode começar antes do final de Julho. Juro que tentei. Até tínhamos dormido "cada um no seu quadrado", mas, semi-acordado e carente no meio da noite gélida, não resisti e puxei o braço de Alfie ao redor do meu corpo, não sem dar alguns pequenos beijos ternos nas pontas dos dedos dele.


Sei que ele acordou porque se aninhou junto a mim e dormimos abraçados a noite toda, mas cumpri parcialmente minha promessa, já que apesar de ter, sim, tomado alguma iniciativa, não o beijei. Adoro ter estudado direito e sempre achar uma brecha naa leis!


Quando acordamos, ficamos deitados abraçadinhos enquanto Mini tomava banho, palavras sendo desnecessárias. Até que ele me acariciou o braço e disse: "Sua pele é tão macia. Adoro este pedaço em especial". Jogo sujo! Não se pode elogiar alguém logo cedo, antes mesmo desse alguém escovar os dentes, sem fazer pegar amor.


Mas tudo isso tem que esperar.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A Balada HT


Neste finde fui para Ribeirão Preto visitar minha família. Viajem relâmpago de pouco mais de 24 horas, que é o tempo máximo que tenho conseguido passar na minha cidade natal. Tudo bem, já que os dias lá, na verdade, têm 30 horas. Mas não é que desta vez me diverti! E na balada HT!!!!



Na verdade, cheguei já no começo da noite e fui com Mamis, Papis, Maninho e sua noiva para um show do Milton Nascimento na praça principal. Nunca fui fã, mas o show serviu para encontrar vários conhecidos que não via há anos (incrível como é fácil encontrar colegas de colégio no interior) e descobrir que, na verdade, Milton está morto! Sério. Ele está embalsamado e é controlado como um marionete por pessoas que ficam escondidinhas em cima do palco, assim como o Keith Richards e a Amy Winehouse. O melhor, claro, ainda estava por vir.



A balada HT, que abriu há uns quatro meses, era a mais concorrida da cidade até que outra balada abriu a menos de um quarteirão. Agora já tem aquele ar ligeiramente decadente de balada has been, sendo que ainda nem deu tempo de alguém escrever na porta do banheiro com a chave. As pessoas eram um show à parte. Amo os meninos do interior. Nenhuma calça skinny, nenhum cabelo desestruturado, nenhum cardigan, enfim, nada que demonstre que eles tenham a mais vaga idéia do que é tendência na moda, ou seja, muita autenticidade nas Ralph Lauren e cabelos deixados para secar ao natural. Apesar disso, ou por isso mesmo, eles parecem tão saudáveis e bonitos. Toscos, é verdade, mas combinam muito com um entardecer e um labrador.



As meninas, no entanto, parecem todas saídas de um catálogo da Guaraná Brasil. Caipiras querendo pagar de modernnhas, bem-intencionadas, mas bem erradas. Mas é delas que veio toda a direção. Depois de dois mojitos eu já estava cercado pelas amigas da noiva que não puderam resistir à presença de um gay e me pediam conselhos, desde roupas até depilação passando por incontáveis "E aquele ali? É gay?". Claro que elas sempre acabam chegando à conclusão que eu não sou gay coisa nenhuma, e que eu só finjo ser gay para chegar nas menininhas (!?!) ou pior ainda, que o sonho da vida delas é ter um amigo gay moderno, inteligente, legal, lindo, viajado, culto e engraçado como eu.



Claro que não disse para elas que as únicas menininhas que eu quero pegar são as superpoderosas do Mc Lanche Feliz, ou que não sou tão merecedor dos elogios quanto elas pensam que sou, mas para que detruir as fantasias delas?



E, pensando bem, para que destruir a minha? Afinal, havia muito que eu não ia para uma balada conceito algum, onde os meninos eram, sim, bonitos, e onde as pessoas se preocupavam mais com se divertir e aprender com os outros do que fazer carão.



Fica aí meu protesto! As baladas gays sempre foram famosas por ser as melhores, mas será que são mesmo? Será que nos clubes gays as pessoas querem se divertir com as pessoas ou às custas das pessoas? Será que toda bicha é, no fundo, a Sylvetty Montilla?



Eu, por minha vez, me prometo frequentar mais a cena HT não-moderna, mas acho que duas vezes por ano bastam!








quinta-feira, 5 de junho de 2008

Trabalho amanhã...que delícia!


Definitivamente eu preciso de férias. Sei que não sou o único e tampouco o que mais precisa, já que minhas últimas férias foram em Janeiro. Mas sei também que a minha profissão figura em TODAS as listas de profissões mais estressantes, então acho que isso legitima meus dois meses de férias anuais.


Junho sempre chega com os ventos da insatisfação trazendo o odor das bilhões de provas e redações para corrigir e das conversas com os pais dos adolescentes que não estão nem aí para a paçoca, e que, por sinal, estão menos ainda. Tanta coisa tediosa que me pergunto o porquê de eu não ter me tornado arqueólogo ou dublê. Eu seu que o trabalho deles também é um saco, assim como o seu, e que a única profissão constantemente interessante e cheia de desafios é roteirista das propagandas da Polishop, mas me deixa reclamar em paz!


E para piorar, parece que todos os chefes do mundo resolveram ser extra-pentelhos no mesmo mês. Ou você vai me dizer que o seu está belezinha, fazendo elogios e te propondo aumento? Deve a Lua, ou Saturno. É sempre a porra do Saturno!
Amanhã tenho uma reunião com a chefe, que é mais difícil de achar do que anão viado, responde a todas as perguntas com outras perguntas e já me acusou injustamente de fofoqueiro. O motivo do encontro é contar a ela o que estou fazendo e pretendo fazer para garantir que meus alunos se matriculem uma vez mais no semestre que vem. Achei que a resposta fosse óbvia:


STRIPTEASE E BOQUETE EM TODA AULA, CARALHO!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Quem é Alfie?


Estive passeando pelo astro.com e resolvi fazer mapas astrais das pessoas que me cercam, especialmente de Alfie, já que há possibilidade real, temida e possivelmente confusa, de algo mais que um chopinho pós-"serviço". Especialmente depois da conjunção de Vênus com o Ascendente:
" A conjunção entre Vênus e o Ascendente é um aspecto particularmente bom para qualquer tipo de relacionamento pessoal, em especial uma relação amorosa ou casamento. Ele significa que vocês dois se complementam muito bem em muitos aspectos e que, como dupla, formam um todo mais forte que as partes."

Vale a pena um resumão?

Alfie começou a trabalhar comigo há mais ou menos um ano. Tinha namorado e é estremamente tímido, recatado, ensimesmado, ou qualquer coisa que valha para justificar o silêncio em público e a dificuldade que tive em chegar mais perto dele. Achei ele bem bonitinho, angelical até, e fiquei logo de cara interessado, mas descrente em qualquer futuro juntos.


Segui vivendo minha vida. Conheci meu Chico Latino (que merece não só um post, mas uma categoria), que, apesar de fofo, queridíssimo e possível amor da minha vida, mora em Buenos Aires, o que inviabiliza a relação. Alfie foi se aproximando aos poucos, de mansinho, como amigo de cerveja (só uma, pois ele não é de beber) até que chegou a Parada Gay deste ano.


Todos sabem que a Parada é quando tudo aquilo que a gente jura de pé junto que não vai fazer acaba sendo, invariavelmente, feito. Pois bem, acabei beijando não um, nem dois, mas três colegas de trabalho. E pior, acabei na cama com dois deles: Mini e Alfie. Mini já é de casa, grande amigo, sem grilos. Mas Alfie peladinho me pareceu, tão logo o vinho da garrafa de plástico deixou meu transtornado cérebro, sinal de problema.


Nada que não pudesse ser resolvido com uma boa conversa, então Mini, Alfie e eu fomos a um restaurante. Alfie não podia beber por conta dos antibióticos, mas eu podia. E o fiz ao ponto de propor um verdade ou desafio ali mesmo, no meio do tradicional restaurante alemão. Três perguntas bastaram para eu perceber que Alfie me paquerava e declarar que o paquerava também.


No dia seguinte, ele deixou o carro perto de casa e fomos bater perna. Quando voltamos, o carro não estava mais lá. Sim, Roubaram a porra do carro! A delegacia acabou tarde, o queijos e vinhos para comemorar o incidente durou até tarde e ele acabou dormindo em casa, na minha cama. ´Só consegui me convencer de que havíamos ficado no dia seguinte, pois perguntei para ele, já que tudo o que rolou foram beijos desnudos permeados por períodos de sono profundo.


Enquanto saíamos juntos para um almoço na casa de Mini, resolvi vomitar toda a incompreensão e perguntar, afinal, que porra estava acontecendo entre a gente. Ele se manifestou no sentido de que não gostava de verbalizar as coisas, mas contornei tudo isso e a conversa rolou depois que eu expliquei que apito apita o Chico Latino, longe dos olhos e dentro do meu coração.


Chegamos ao acordo de que vamos sim explorar mais o que rolar entre nós dois, mas que quando estivermos em Buenos Aires em Julho (Sim, ele vai comigo para lá!), estarei e vou querer estar com o Chico Latino. Combinamos também que assim que alguém se sentir desconfortável, deve deixar isso mais claro do que mamilo de ruiva.


Alea jacta est!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Academia Hoje?


Sentado no sofá imaginando se devo ir para a academia. Fato é que não é fácil ser gay e não ter músculos. Longe de mim querer ser uma barbie, afinal isso é super anos 90, mas sempre que olho para a minha falta de tanquinho imagino se há algo errado comigo. Parece tão fácil. Quase todos na academia têm. E eu sempre consegui me manter desejável apesar da falta de atividade física e excesso de cigarros, até porque sempre fiz linha magrinho bonitinho com cara de safado. Mas conforme Saturno retorna ao seu ponto de origem no meu mapa imagino se um esforço a mais não é necessário. Afinal, o grande problema não é estético, mas de saúde.

Fumo demais, bebo demais, durmo de menos, como frutas e vegetais de menos. Imagino que a vida pré-vídeo de fitness da Jane Fonda devia ter sido muito mais interessante. O cigarro não dava câncer, músculos eram só para atletas, ninguém contava calorias nem imaginava que porra seriam alimentos funcionais. Ioga, só na Índia e ninguém ousava tirar a gordurinha da picanha. Hoje em dia, o desfile de corpos perfeitos na mídia e constantes alertas e clamores anti-tudo o que é gostoso está nos transformando em obsessivos devoradores de linhaça, quinua ou qualquer outra comidinha da moda.

Quer saber? Sou pelo bacon e batatas fritas quando der vontande de gordura. Pela coca gorda e pelo Marlboro Lights. Por ler a Mens'Health só pelo conhecimento e pelo vinho branco no lugar do tinto. Não vou me entuchar de coisas gordurosas até virar um balão, mas tampouco vou suar feito um camelo na esteira da academia tendo que ouvir as conversas imbecis dos instrutores. Sou contra essa alegria exagerada e sorriso colgate de professoras de step. Por isso, a academia fica para amanhã.

Além do mais, a gente sempre pode encontrar alguém que nos vai fazer parecer extremamente saudáveis.

Não é mesmo, Amy?

Sex in the workplace

Você tem um colega de trabalho gatinho? Provavelmente. Se não, levante as mão para o céu. A grande dica de Hannibal Lecter para Clarice Starling sabiamente demonstra que a gente cobiça aquilo que vê diariamente e, seguindo essa lógica, ninguém é mais apto a se tornar o seu objeto do desejo do que o bonitinho do RH , o motoboy gostoso e tosco ou seu estagiário, tão jovem e cheio de vitalidade. Pitt e Jolie, Pitt e Aniston e Tarcísio e Glória estão aí para não me deixar mentir sozinho, mas será que dá para chegar chegando em alguém “da firma” e sair incólume?

Desde que o termo “assédio sexual” foi cunhado e fomos forçados a ser politicamente corretos, a idéia de se sentir atraído por alguém subordinado se tornou perigosa. O mesmo se aplica aos alunos da escola de inglês onde trabalho, claro! Sexo com o chefe pode ser ainda pior, com grandes riscos de demissão e escravidão, mas as chances são menores, de qualquer forma, já que é mais fácil odiar do que amar seu chefe. Sobram então os que estão na mesma posição hierárquica.

Para mim, a oferta é numerosa, já que a maioria dos professores é gay e alguns até que são pegáveis. Já andei trocando experiências mais do que pedagógicas com alguns deles, confesso, mas sem grandes repercussões, já que um deles é bastante amigo meu e o outro trabalha em uma filial distante.

Até aí tudo bem, sem crise. Mas há um garoto (vamos chamá-lo de Alfie) que de mansinho vem ganhando espaço no meu imaginário sexual. Não que ele seja muito interessante, Longe disso! Mas ele tem algo de inocente e virginal no olhar, gestos e atitudes que desperta o lobo mau dentro mim. E claro que saber que desperto algo dentro dele também (maldito verdade ou desafio!) colabora.

Fato é que não resisti e abocanhei um pedaço dessa carne de onde ganho o pão. Até porque não estou tão satisfeito com meu emprego assim. Se estivesse, talvez teria evitado ao máximo algo que pode gerar mal estar no ambiente de trabalho, mas liguei o foda-se. Foi estranho, mas isso é um outro post.
Por enquanto, só resta pagar para ver se Alfie tem o que é necessário para passar do prazo de experiência.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Sexo e a Amizade


Era uma vez dois amigos gays. A história é mais antiga que a da Chapeuzinho: eles estão carentes, saem para uma cerveja despretensiosa, bebem um pouco a mais do que é recomendado pelo Ministério da Saúde, acabam dormindo os dois na casa de um deles e, já que a noite está fria e o sofá é desconfortável, dormem na mesma cama. Mas existe amizade depois do sexo?

Existem vantagens óbvias para a prática do sexo casual entre amigos. Em primeiro lugar, o sexo em si normalmente é bom, já que não há insegurança nem expectativa e a intimidade se faz, de alguma forma, presente. Além disso, você não precisa se preocupar em acordar mais cedo do que ele para arrumar o cabelo e bochechar pasta de dente. Com amigo você pode acordar com bafo, quem sabe até peidar à noite, pode puxar o edredon, roncar. Com amigo você não precisa ser perfeito. Se você brochar, isso vira uma boa piada interna e ninguém se constrange muito. E o inverso é válido, claro! Você pode dar uma bela cotovelada se quem ronca é ele, pode puxar com tudo o cobertor se ele estiver te descobrindo, e se ele brochar você vai poder tirar sarro e se matar de rir junto com ele, ao invés de dizer que tá tudo bem e que isso acontece com todo mundo.

Porém (droga...sempre tem um porém), alguém pode pegar amor, e é aí que a porca torce o rabo. Sexo pode confundir as coisas e se você é como eu, que vê pelo em casca de ovo e otimismo em filmes do Lars von Trier, as chances de se envolver mais do que o salutar são consideráveis. Não se pode virar para o amigo e dizer: “Acho que estou me apaixonando por você”. Amigos não devem se apaixonar uns pelos outros. E quanto mais longa a amizade mais delicada a situação. Já tive amizades que sobreviveram a isso, mas em muito porque os meus amigos não me levaram a sério e me mandaram calar a boca com aquele sorriso descrente que eles dão quando você jura de pé junto que nunca mais vai ficar com aquele cara que não vale nada.

É preciso cuidado no casual sex. Não com o seu amigo, mas com você mesmo. Siga os conselhos de Titia Marta: relaxa e goza! Como em quase todas as questões relacionadas ao amor e ao sexo, acho que o maior problema é exatamente se levar muito a sério.

PREFÁCIO À PRIMEIRA PUBLICAÇÃO


Já cansei de ser chapeuzinho e ignorar a presença do lobo, já cansei de ser Pedro e tentar caçá-lo. Avisei a chegada dele quando ele não vinha e perdi a credibilidade. Já dancei com os lobos, já fui mulher e corri com eles. Já assisti documentários do Discovery para desvendar o comportamento da matilha e do macho alfa. Já sofri por descobrir um lobo mau em pele de cordeiro. Já virei lobo em noites de lua cheia. Já fui porquinho e tentei me esconder dele. Já fui vovozinha e tive meu lugar roubado por ele. Já fui Mogli e vivi entre eles.

Já tentei mudar de bicho e fui Alice atrás de um coelho branco. Já fui a Bela Adormecida e esperei em vão pelo lobo transformado em príncipe, já perdi sapatinhos de cristal para que ele não visse o verdadeiro eu. Já deixei o cabelo crescer, mas ninguém subiu pelas minhas tranças. Ninguém! Seja lobo, seja príncipe, seja o raio que o parta. Cansei!

Se ele vem ou não já não me importa...e se ele quiser entrar vai ter que soprar muito, pois minha casinha agora foi construída com concreto sólido, revestido de titânio e Kevlar, à prova de fogo, água, césio, tsunamis, com circuito interno de TV e cerca elétrica, com travamento automático das portas e leitura de iris e digitais para garantir o acesso. Se os homens vão ser lobos eu vou ser muito pior...vou ser humano!

Agora o que eu quero mesmo é passear nessa porra desta floresta.