terça-feira, 12 de agosto de 2008

Teorias do Fundo do Poço


Em primero lugar, quero agradecer à força dada por todos vocês, freqüentadores novos e habitués. É bom saber que posso contar com a força de pessoas que nem conheço em momentos não tão bons.


Entretanto, decidi não seguir os conselhos de bola para a frente e a vida continua, quero explicar o porquê.


Não sei quanto a vocês, mas minha maior reclamação no que tange à minha própria vida é o marasmo no qual me vejo preso 80% do tempo. Rotina, as mesmas séries, as mesmas músicas, as mesmas pessoas na mesma balada. Sinto que posso prever cada minuto de cada dia de cada semana, e que o desenrolar das horas vai me trazer diversão, decepção, oscilções de humor etc., mas tudo de maneira contida, semi-planejada e, invariavelmente, monótona.


Assim, as chances de assistir a "Dançando no Escuro" e me deixar chegar a um estado lastimável, largado no sofá sem fazer a barba, com um cinzeiro cheio e uma garrafa de coca pela metade no chão, enrolado no endredon e constatando entre soluços o quão desprovida de sentido é a minha vida, não acontece todos os dias. Na verdade, se acontecer uma vez por ano já é notável.


Minha escolha desta vez incluiu "Antes do Pôr-do-Sol", Alfajores (trazidos da viagem à Argentina que causou todo o problema, o que deu uma nota ainda mais amarga) e Norah Jones, mas estes podem variar. O que não pode faltar é a auto-piedade, as noites mal-dormidas, a cara de cu no trabalho e a atitude Greta Garbo - Leave me Alone!


O tempo no fundo do poço é curto. A gente sempre acaba desenvolvendo uma muralha de gelo que previne a dor e o sofrimento, quando, na verdade, devríamos aproveitar os momentos ruins tanto quanto aproveitamos os bons. São tão frágeis e efêmeros quanto estes, mas nos fazem crescer em dobro.


Portanto, da próxima vez que você sentir que o céu ai desabar sobre sua cabeça, não finja que está tudo bem, que é forte, que tudo aquilo não quer dizer nada para você. Deite-se de barriga para o ar e preste muita atenção às nuvens que se aproximam. Vulnerável e aberto.


Uma amiga me disse uma vez que no fundo do poço há uma mola, pronta a te jogar para o topo de novo. Só que para achá-la, é preciso se enfiar na lama. Chafurde!


Agora, que Alfie e eu fizemos as pazes e estamos super-hiper-felizes juntos de novo, posso ter a certeza de que ele me fez sentir como há muito ninguém fazia.




Um comentário:

K. disse...

Então você achou a mola! =D
Que bom!

(Só faltou ver Brilho eterno de uma mente sem lembrança!)