quarta-feira, 18 de junho de 2008

A Nova São Paulo e o Novo Eu


A boa e velha Terra da Garoa. Acabo de ver um post em um blog (http://www.asetimavisao.blogspot.com/) sobre Sampa e não consegui evitar escrever um pouco eu mesmo sobre a megalópole onde vivo e me perguntar a razão para eu viver aqui.


Nasci em Ribeirão Preto e vim para cá com quatorze anos para fazer teatro. Como todos aqueles criados no interior, sempre tive uma visão idealizada de São Paulo e a cidade não me decepcionou em nada. Entre os 17 e os 20, não conseguia ver defeitos na paulicéia desvairada, pois encontrei um lugar onde não só eu poderia ser gay como era VIP nas baladas, onde podia passar um dia inteiro sentado na Paulista e em todos os meus locais favoritos sem encontrar ninguém conhecido.


Então eu mudei para Londres e me apaixonei. Quando cheguei lá percebi que não gostava mais de São Paulo, que era feia, suja, cheia de gente mal-educada e careta. Fiquei lá por dois anos e percebi que Londres é feia, suja, cheia de gente bem-educada e careta. Voltei saudoso do espírito acolhedor e das baladas tão gostosas.


Três anos se passaram e hoje me incomoda o quanto São Paulo não é acolhedora e o quanto as baladas não são boas. Não estou com muita paciência para o carão provinciano e tudo ficou pior um dia em que eu fui para a The Week e percebi que havia entrada para os proprietários de um cartão gold, para os detentores de um cartão platinum e uma entrada para os VIPs. Perguntei para o host por onde eu entraria, já que não me enquadro em nenhuma das categorias acima. Ele me olhou de cima a baixo com fisionomia inquisidora e perguntou: "Como assim?", ao que eu disse: "Querido, eu não sou ninguém, não vim com ninguém e não sou amigo de ninguém. Quero pagar o preço cheio, a entrada toda. Por onde entro?", e lá vai ele consultar alguém...


Isso me incomoda em São Paulo. O pretenso luxo, a pretensa cultura, o cool, o hype. Sinto falta da São Paulo pré-Diesel, quando a Daslu era uma lojinha na Vila Nova Conceição e era possível ir ao Espaço Unibanco sem ter que comprar o ingresso com antecedência ou ir a um show sem ter que acessar o site dos ingressos nos primeiros vinte minutos da venda. Muita gente, muito ego, pouca coisa realmente interessante!


Hoje, cogito me mudar para Buenos Aires, mas sei que depois de dois anos vou me encher de lá também e, mais uma vez, desejar voltar para minha casa, minha São Paulo, da qual morro de ciúmes e sinto falta, mesmo vivendo aqui.


Então vou me valer do texto do blog mencionado e me propor a redescobrir os mais de 60 museus, os novos parques, os velhos restaurantes, as baladas que não conheço ainda e as pessoas que ainda vou conhecer. Vou reinventar minha relação com a capital e me predispor a gostar de tudo.


Afinal, todo casamento merece isso.

5 comentários:

Anônimo disse...

Olá!! Recebi seus comentários e já linkei seu blog no meu!

Quanto ao seu post: Realmente, quando nossa cidade (que tomo como minha, pois assim como você, também sou do interior) é analisada pela ótica do mundo GLBTXYZ (rs), todos querem ser VIP, todos querem glamour e todos querem ser blasé.

Conheci a cidade na época do Diesel Base, quando a rua da Consolação era o point da "G" da cidade e andar na Paulista era como se sentir na 5º Avenida de Nova York.

Como disse eu seu post, também cheguei ao ponto de me irritar com essa turbuleta metrópole, mas aprendi que a cidade está além deste mundo (baladas, gays, ferveção, etc).

A cidade tem MUITO mais a oferecer e com esta convicção que nunca deixo de amar SÃO PAULO!

Anônimo disse...

Fui a São Paulo uma única vez e a achei uma cidade tão... fria, estranha, sei lá.
Estou acostumado com o Rio, com o jeito largado dos cariocas, da junção das montanhas com o mar sem perder o ar moderno dos prédios e da vida urbana.
Pois é.
Vc ama SP.
Eu amo o Rio!
hehehe
Viva o nosso bairrismo.
Bjos

K. disse...

Minha relação com São Paulo sempre foi de amor, mas passou a ficar abalada no último ano. Quando a era dos alpinistas sociais afundou e entraram em cena os alpinistas intelectuais, SP ficou com cara de fresca, chata, pretensiosa, e os paulistas foram na onda. Entre os gays, surgiu o alpinismo estético, que também é exclusivo e segrega. Mas aí você anda na Paulista ou passa pelo Itaim Bibi e lembra que bobos são eles, que estão perdendo uma cidade riquíssima. E bobos somos nós, se deixamos que os alpinistas afetem nossa visão. Hora de fazer com que todos eles caiam penhasco abaixo!

(De RP para LON? Choque térmico!)

Anônimo disse...

Claro que ajudo!! hehe

Do que precisa?

Rubens Oliveira disse...

Cara, tudo certinho?

Seguinte, eu vim aqui para pedir para vc ajudar a divulgar a situação relatada aqui: http://everywomansamadonna.blogspot.com/2008/06/ontem-eu-fui-ao-carrefour-villa-lobos.html

Esta situação foi presenciada pela Lele, integrante do blog Te dou um dado, e não podemos deixar quieto uma situação como essa.

Valeu!