segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Pule a Cerca


O tema é conhecido de todos. Ainda que acredite que não, amigão, você já foi traído. Não estou falando de traição latu sensu, do seu amigo que contou seu segredo, do coleguinha que contou que você estava colando na prova, mas sim do seu/sua (ex)namorado/a que, definitivamente pulou a cerca.

Se a minha certeza da inevitabilidade é tão grande, qual é a problemática, então?Na verdade, nenhuma. Só quero entender a importância que damos à fidelidade.

Nesta semana, dois amigos trouxeram o assunto à tona. Um deles conheceu um cara que mora em outro país pela internet e está “apaixonado”, apesar de ter certeza que quer um futuro junto com o seu namorado. O outro...bem...digamos que amanheceu nu no meu sofá, mas também tem certeza que seu namorado (que está morando há alguns meses fora do Brasil) é o homem da sua vida.

Se eles estão tão certos de seus relacionamentos “monogâmicos”, por que então não conseguem resistir? Não que sejam infiéis contumazes, vejam bem, são pessoas que, de fato, acreditam e querem a monogamia, pelo menos no âmbito consciente e racional, e sentem culpa pelo que fizeram/fazem/farão.

Esses são dois casos, mas poderia continuar por parágrafos e parágrafos sobre meus amigos, namorados, ou mesmo eu, que rompemos o pacto vigente em seus relacionamentos.

Será que falta algo nos seus relacionamentos? Aparentemente não. Vários estudos estão sendo ou já foram conduzidos, tentando buscar razões biológicas, genéticas e psicológicas para a infidelidade. Isso porque uma relevante parcela da sociedade, ainda que se diga feliz em seus relacionamentos, buscam outros parceiros.

Prefiro partir da premissa, ainda que soe muito pessimista, que a infidelidade ocorrerá, inexoravelmente. Então, como lidar com ela.

O combinado não sai caro. Por que não estabelecer regras? Assim todas aquelas dúvidas a respeito de contar ou não contar e aquele sofrimento relacionado à possibilidade de perda de tudo aquilo que foi tão arduamente construído podem ser evitados. Quem sabe a própria necessidade de ter outros parceiros pode desaparecer?

Já vi que alguma coisa dentro de você não gostou dessa idéia. Afinal, na nossa cultura, “corno” é uma das palavras mais ofensivas. Meus alunos sempre se surpreendem quando lhes digo que não há uma palavra ofensiva em inglês para aquele que foi traído, até porque quem fez algo “errado” é o traidor.

Mas o que é, no final das contas, mais importante? A monogamia é mais importante que o relacionamento em si? Para mim, monogamia é parte e o relacionamento é o todo. Conseqüentemente, o todo é mais importante do que a parte e a “infidelidade” pode, sim, ser tolerada. Dói? Talvez, mas não é tão grave assim. Acho que só quem nunca traiu, ou é um hipócrita convicto, pode realmente depositar mais importância na monogamia. Quem já traiu sabe o quão irrelevante o deslize é em relação ao relacionamento.

Então, faça um favor para você mesmo, seu parceiro e os amigos que têm que, ainda que de bom coração, lidar com todo o drama: PULE A CERCA!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Exploração Antropológica Paulistana

Adoro falar que adoro São Paulo nos feriados como Carnaval, quando todos saem daqui e podemos curtir tudo aquilo que a Metrópole pode nos oferecer. De fato, há muito para se fazer, mas convenhamos, será que há tudo isso, mesmo?

Ok, eu sei que o Museu da Língua Portuguesa é íncríííííível e que o MAM tá com uma exibição super bacana, e que a temporada 2010 da Sala São Paulo é de foder etc etc etc, mas não é disso que eu estou falando.

Sou um cara gay de 29 anos que quer sentar, tomar uma cerveja em um ambiente com música baixa, talvez conhecer pessoas engraçadas ou um gatinho (já que o namorado estará inacessível até sei lá quando) e dar umas risadas. Aonde ir?

Acho que, na verdade, devo estar muito desinformado, porque acho impossível não haver bares gays nessa cidade, além do Gourmet e da Vieira de Carvalho (que é longe, difícil de parar o carro e sujeita a vários outros preconceitos) em uma cidade tão grande quanto São Paulo. O que acontece se a gente está com preguiça de ir para uma balada?

De duas uma: ou as pessoas se reúnem na casa de amigos ou freqüentam lugares que não conheço.

Com relação às casas de amigo, seria bacana, mas duvido que este blog sirva para isso, já que ninguém tem coragem de convidar um desconhecido. Então me sobra a alternativa. Vou digitar “bares gay São Paulo” no Google e ir a todos aqueles aos quais nunca fui ou de que nunca ouvi falar e relatarei aqui neste blog o que vi. O projeto “Exploração Antropológica Paulistana” ganhará então uma categoria própria que vocês, esparsos leitores com muita paciência, poderão checar aqui

Não prometo updates freqüentes, que fique claro. A missão pode demorar anos. Mas pelo menos, se nada disso der certo, posso me convencer que é melhor voltar para Londres ou me mudar para Buenos Aires.

Desejem-me sorte!