domingo, 28 de setembro de 2008

Quais são as suas qualidades?


Esses dias estava conversando com uma amiga sobre outra amiga e comentamos como ela é gente boa, incapaz de fazer mal a alguém, super honesta e responsável, e como é difícil encontrar gente assim hoje em dia. Aí me deu um click. Espera um pouco. Ela não faz mais do que a obrigação. Desde quando as características mínimas necessárias para se viver em sociedade se tornaram qualidades?


Honestidade, responsabilidade, não ferir ou prejudicar os outros, tratar a todos com respeito, não julgar as decisões e gostos alheios não são qualidades. São deveres. Qualidades são aquelas coisas que vão além do neutro. Se você é engraçado, isso sim é uma qualidade, já que ninguém tem a obigação moral de ser engraçado. Se você cozinha bem, idem. Agora, se você se orgulha de não fazer mal a ninguém, sinto muito, você é simplesmente o mínimo necessário.


Triste constatar que características tão básicas são hoje vistas como dignas de uma Madre Tereza, até mesmo por mim. Triste viver achando que egoísmo e arrogância são a regra, que dar um jeitinho é normal. E isso se manifesta nas coisas mais simples, na fila cortada, no troco a mais não devolvido, na bebida a menos na conta do bar, na cultura do carão.


Bondade é Amélie. É dar um passo a mais, é fazer um esforço fara fazer alguém feliz. Isso tudo que a gente faz e se orgulha, provavelmente, é só o que, em tese, nos separa dos animais. E talvez os animais sejam mais humanos.
Pense nisso. Você tem, de fato, qualidades, ou faz só o mínimo?



terça-feira, 16 de setembro de 2008

A Casa Caiu


Literalmente. Nunca imaginei que algo assim fosse possível, mas o teto do quarto da empregada está caindo. Bem, na verdade eu não sei se está caindo mesmo, já que, apesar de ser filho de engenheiro civil, meus conhecimentos sobre resistência de materiais e danos estruturais não passa muito de tudo aquilo que pode ser visto no Discovery.

Tudo começou no dia em que olhei ao meu redor e resolvi que a minha casa estava feia. Havia uma mancha de mofo no teto da sala, lugares onde os móveis tinham riscado a parede, o jardim sem plantas, a pintura das portas ficando velhas, a persiana caindo.

Imbuído de espírito "Minha casa, sua casa", fui até a Telhanorte e comprei massa corrida, tinta, furadeira, persiana e o que mais eu achava curioso, necessário ou bonitinho. No primeiro dia consegui acabar com a mancha de mofo. No segundo, pendurei a persiana nova. No terceiro, lixei o teto da sala. O fim-de-semana acabou, a semana passou e fui visitar meus pais. Depois eu termino.

Nesta semana fui colocar comida para meu cachorro (que como não tenho empregada que more aqui, se apposou do quartinho) e vi o teto. Bizarro. Rachos se espalham como teia-de-aranha e formam uma área que está visivelmente maix baixa. inicialmente, pensei que fosse só a tinta e fiquei feliz por ter comprado muito mais massa corrida do que o necessário para a sala. Mas não. É a lage, dura, sólida, rachada.

Foi então que encarei o fato de que, apesar do trabalho ok na sala eu não sei nada dessa porra. Fechei a porta e ela continua fechada até hoje. O cão vai ter que morar no banheirinho. Pelo menos até meu tio, que também é engenheiro, vir dar uma olhada.

Mas o que me preocupa é: Será que isso é um sinal para eu parar de me meter a pedreiro ou apenas o cosmo querendo realizar meu sonho de demolir o quartinho e fazer um jardim?

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Madonna virou Deus e ninguém me contou?


Meu Deus! Parecia que o site estava distribuindo lugar VIP no céu, de graça. Nunca vi tanto viado desesperado no MSN. Resolvi não escrever ontem para não descarregar um cordel de impropérios contra as três gerações vindouras dos funcionários da T4F - até porque esses, sim, deveriam estar desesperados, tentando consertar o inconsertável por horas sem fim e sabendo que seus chefes estavam enchendo os bolsos.

Comecei minha jornada à meia-noite, como todos, mas logo vi que não ia rolar. Lá pelas duas desencanei e fui tirar um cochilo. Acordei quase às cinco e voltei para o computador, fumando como uma puta velha. Lá pelas seis consegui os seis ingressos que ia comprar e fui dormir...ou tentar. Depois das nove da manhã começaram os telefonemas. "Vc conseguiu?", "Meu, só dá pau!", "Vc vai para o Credicar Hall?".

Depois vi as notícias das pessoas nas filas, chorando, dormindo por duas noites na barraquinha, fazendo dívida no banco para comprar o ingresso. Gente, espera um pouco! É só um show!

O desespero de todos, pagando os preços mais caros de toda a turnê (levando-se em conta o poder aquisitivo da população) serviu para mostrar o quão à margem do mundo do entretenimento o Brasil ainda está, apesar de ser um dos países mais influentes no mundo, e com mais grana para gastar com superficialidades. Me deu um pouco de pena, afinal, como quase nunca há shows desse porte aqui, parece que eles valem mais do que a dignidade.

Eu tive sorte. Nem saí de casa e dormi umas sete horas. Se não tivesse tido essa sorte, com certeza não iria ao show, nem que fosse o show da volta de Jesus e ele fosse cantar todos os sucessos da Madonna.

Só espero que toda a muvuca sirva para colocar o Brasil no roteiro mainstream. E me consola saber que para comprar o ingresso do show da Kylie, daqui a uma semana, eu não vou ter que contar tanto com a sorte.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Clientes barraqueiros nunca têm razão!


Se tem uma coisa que me irrita profundamente é gente que não tem razão ou não sabe do assunto criticando meu trabalho. Na verdade, bom escorpiano que sou, odeio que me critiquem e ponto, mas os anos de convívio social me ensinaram que eu posso, sim, errar. Tudo bem.

Hoje uma aluna, que é bancária e, imagino, muito competente no seu trabalho ( sobre o qual eu jamais meteria o bedelho já que mal sei a diferença entre DOC e TED), me puxou de lado para me dizer que não concorda com a minha metodologia. Eu expliquei, com toda a calma, que a metodologia não é minha, mas dos teóricos que a desenvolveram e da escola que a adotou. Mas que eu, de qualquer forma, concordo com ela por X, Y e Z.

Ela então começou a subir o tom de voz, assim, na frente de todos. Minha vontade era de gritar: "Querida, que porra sabe você sobre metodologia??" e até imaginei a cabeça dela explodindo num a chuva de confetes. Me contentei com explicar que não podia mudar o método da escola mas que buscaria uma forma de ela ficar satisfeita, de adaptar tudo ao que ela busca.

Tenho medo de soar arrogante, mas se a gente contrata um serviço é porque a gente não sabe, não pode ou não quer fazê-lo. Eu não vou ligar para o Spielberg e dizer que achei "A Lista de Schindler" meia-boca e que ele não sabe fazer cinema e dar dicas para que ele melhore. Assim como riria da cara do Spielberg se ele viesse dizer que não sei dar aula.

Claro que não sou irrascível, aceito sugestões e pedidos, desde que feitos como o que são, pedidos e sugestões. Recebo ordens das minhas chefes, e isso me basta.

A culpa disso é do ditado que o cliente tem sempre a razão. O caralho! Então quando eu trabalhava em um bar e o cliente completamente bêbado vinha gritar comigo porque ele tinha que esperar dois minutos enquanto eu atendia os outros 15 clientes que tinham chegado ali antes estava certo?

Meu conselho, para mim e todos nós: reclame, sim, se o serviço não te agrada. Mas educadamente, tentando entender todo o processo, aberto a ouvir o outro. Afinal, bater no peito e gritar sem argumentos só mostra o quão ignorante você é. Lembrem-se de como foi quando fizeram isso com vocês.
Na foto, Naomi, diva-mor do barraco.