Esses dias estava conversando com uma amiga sobre outra amiga e comentamos como ela é gente boa, incapaz de fazer mal a alguém, super honesta e responsável, e como é difícil encontrar gente assim hoje em dia. Aí me deu um click. Espera um pouco. Ela não faz mais do que a obrigação. Desde quando as características mínimas necessárias para se viver em sociedade se tornaram qualidades?
Honestidade, responsabilidade, não ferir ou prejudicar os outros, tratar a todos com respeito, não julgar as decisões e gostos alheios não são qualidades. São deveres. Qualidades são aquelas coisas que vão além do neutro. Se você é engraçado, isso sim é uma qualidade, já que ninguém tem a obigação moral de ser engraçado. Se você cozinha bem, idem. Agora, se você se orgulha de não fazer mal a ninguém, sinto muito, você é simplesmente o mínimo necessário.
Triste constatar que características tão básicas são hoje vistas como dignas de uma Madre Tereza, até mesmo por mim. Triste viver achando que egoísmo e arrogância são a regra, que dar um jeitinho é normal. E isso se manifesta nas coisas mais simples, na fila cortada, no troco a mais não devolvido, na bebida a menos na conta do bar, na cultura do carão.
Bondade é Amélie. É dar um passo a mais, é fazer um esforço fara fazer alguém feliz. Isso tudo que a gente faz e se orgulha, provavelmente, é só o que, em tese, nos separa dos animais. E talvez os animais sejam mais humanos.
Pense nisso. Você tem, de fato, qualidades, ou faz só o mínimo?