segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Será que eles são?


Tudo está aparentemente indo super bem na minha vida, sem grandes crises, pelo menos até que começe o meu infero astral. Então, vou aproveitar o ensejo e me dar o direito de escrever posts leves e supostamente divertidos. Com o passar das semanas deste semestre, já estou começando a conhecer melhor meus alunos. Assim, aqui vem o post mais manjado de todos, mas sempre divertido de ler - e escrever: Como saber se meus alunos (ou qualquer outro, na verdade) são gays?


Aparências podem enganar, claro, mas há sempre aqueles 10 detalhezinhos que entregam:

1) Óculos de sol. Não sei porque mas toda bicha adora uma aura de mistério e abusa dos grandes, de preferência aviadores os máscaras. Se for aviador espelhado (afinal, não é porque é gay que tem que ter bom gosto), não só é gay como bate cartão na The Week;

2) Calça skinny;

3) Saber qualquer nformação não óbvia a respeito de: Madonna, Cher, Rihanna, Cristina, Mariah, Zach Effron, Mika, Sex and the City, Lindsay Lohan, Maria Callas, Judy Garland ou saber qualquer informação, mesmo óbvia, sobre Kylie Minogue. Britney e Paris Hilton, infelizmente, não são mais confiáveis devido à imensa exposição;

4) Cabelo que obviamente passou pelo processo secador + pomada, spray ou ambos;

5) Sonhar com morar em Londres, NY ou Paris e viagens demasiado freqüentes para Buenos Aires (Para os HTs, uma vez basta);

6) Conhecer, e ler, TDUD?

7) Ter um whippet, buldoque francês, pug, schnauzer, scottish terrier, chiuaua ou maltês. Se tiver o nome de alguma celebridade ou nomes exóticos de gente, então...(os peludinhos, como poodle, yorkshire, lhasa apso, chow-chow e shih-tsu podem ser da mãe ou namorada);

8) Beber coquetéis ou qualquer coisa alcóolica que não seja cerveja, ice, vodca com energético, whisky, cachaça ou vinho;

9) Não mencionar futebol;

10) Fazer elogios às roupas, cabelos, unhas, sapatos, acessórios ou maquiagem das mulheres presentes ou ausentes. Para os HTs o mundo feminino se resume em "Gostosa" ou "Baranga".

Claro que tudo isso é puro preconceito e generalização, mas é bom ser politicamente incorreto de vez em quando.

Claro também que essa lista é incompleta. Sinta-se à vontade para adicionar os seus próprios métodos.

domingo, 17 de agosto de 2008

Considerações sobre Olimpíadas


Pois é. As Olimpíadas bombando, não se fala de outra coisa (juro que a próxima vez que eu escutar o nome Cubo D'Água eu explodo) e eu não sabia se queria, afinal, escrever ou não sobre o tema. Ganhou a primeira.


Não sou um grande fã de esportes (na verdade não sou nem médio), mas algo me força a dormir menos horas todas as noites porque afinal, ver ao vivo a etapa classificatória da regata da classe 470 de repente se tornou fundamental para mim. Por sinal, aprendi a diferença entre barlavento e sotavento. Como vivi até agora sem saber isso?


Inutilidades à parte, percebi que, na verdade, o momento de ter orgulho do país faz com que eu veja suas falhas mais evidentemente. Cada derrota me lembra da famigerada pregüiça macunaímica e do pouco estrutura que os atletas (exceto, claro os de futebol) têm. A objetividade impede o jeitinho brasileiro. As vitórias (parcas até agora, por sinal) são méritos individuais, alguém com muito talento que conseguiu o que queria APESAR o Brasil. Não é assim que vivemos, no final das contas?


Sério demais? Tá bom, também fico puto porque os brasileiros (de lá e daqui) são feios. Pronto, falei!


Num âmbito mais pessoal, me sinto um pouco inútil. Não há muitas glórias e reconhecimento para professores de inglês. Quando era pequeno, sonhava em ganhar a medalha de ouro na ginástica olímpica. Hoje, sonho com as férias. Patético?


Não posso dizer que as Olimpíadas me fazem muito bem, certo?


Errado. Porque depois de pensar em tudo isso coloco o despertador para as 7 da manhã para torcer pelo Brasil. Penso bem e chego à conclusão de que eu faço a minha parte para tornar o mundo infinitamente mais tolerante, sou uma companhia agradável, garanto que o sexo não seja tedioso, com os cosméticos e as roupas certas ajudo a fazer o mundo mais bonito, cuido muito bem do meu cachorro, faço meus alunos se cagarem de rir e consegui superar a minha avó no grão-de-bico.


Sou bom para caralho! E acho que se olharmos bem, todos podemos encontrar as coisas que fazemos bem e, mais importante, aquelas que nos fazem bem. Mesmo que elas impliquem em acordar às sete da manhã no domingo.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Teorias do Fundo do Poço


Em primero lugar, quero agradecer à força dada por todos vocês, freqüentadores novos e habitués. É bom saber que posso contar com a força de pessoas que nem conheço em momentos não tão bons.


Entretanto, decidi não seguir os conselhos de bola para a frente e a vida continua, quero explicar o porquê.


Não sei quanto a vocês, mas minha maior reclamação no que tange à minha própria vida é o marasmo no qual me vejo preso 80% do tempo. Rotina, as mesmas séries, as mesmas músicas, as mesmas pessoas na mesma balada. Sinto que posso prever cada minuto de cada dia de cada semana, e que o desenrolar das horas vai me trazer diversão, decepção, oscilções de humor etc., mas tudo de maneira contida, semi-planejada e, invariavelmente, monótona.


Assim, as chances de assistir a "Dançando no Escuro" e me deixar chegar a um estado lastimável, largado no sofá sem fazer a barba, com um cinzeiro cheio e uma garrafa de coca pela metade no chão, enrolado no endredon e constatando entre soluços o quão desprovida de sentido é a minha vida, não acontece todos os dias. Na verdade, se acontecer uma vez por ano já é notável.


Minha escolha desta vez incluiu "Antes do Pôr-do-Sol", Alfajores (trazidos da viagem à Argentina que causou todo o problema, o que deu uma nota ainda mais amarga) e Norah Jones, mas estes podem variar. O que não pode faltar é a auto-piedade, as noites mal-dormidas, a cara de cu no trabalho e a atitude Greta Garbo - Leave me Alone!


O tempo no fundo do poço é curto. A gente sempre acaba desenvolvendo uma muralha de gelo que previne a dor e o sofrimento, quando, na verdade, devríamos aproveitar os momentos ruins tanto quanto aproveitamos os bons. São tão frágeis e efêmeros quanto estes, mas nos fazem crescer em dobro.


Portanto, da próxima vez que você sentir que o céu ai desabar sobre sua cabeça, não finja que está tudo bem, que é forte, que tudo aquilo não quer dizer nada para você. Deite-se de barriga para o ar e preste muita atenção às nuvens que se aproximam. Vulnerável e aberto.


Uma amiga me disse uma vez que no fundo do poço há uma mola, pronta a te jogar para o topo de novo. Só que para achá-la, é preciso se enfiar na lama. Chafurde!


Agora, que Alfie e eu fizemos as pazes e estamos super-hiper-felizes juntos de novo, posso ter a certeza de que ele me fez sentir como há muito ninguém fazia.




segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Travesuras del niño malo!

Karma. Essa pequena palavrinha contém o segredo do mundo. Temos que ser bons para não nos fodermos no futuro, certo? Ou temos que ser bons para fodermos no futuro? Enfim. Acabo de voltar das férias em Buenos Aires e minha situação amorosa não poderia ser mais distinta do que no começo das férias.
Quando saí daqui estava dividido entre Alfie e Chico Latino. Gosto muito dos dois e ambos aparentemente gostam muito de mim. O único problema é que nós não estamos culturalmente preparados para a bigamia.

Levando-se em conta que Chico Latino mora em Buenos Aires e Alfie está aqui pertinho, embarquei decidido a usar a visita ao Chico como uma espécie de despedida, um "até um dia quando possamos viver na mesma cidade". Estava pronto para voltar e começar uma história feliz com Alfie.

A leitura da viagem foi "Travesuras de la Niña Mala". Me identifiquei com o personagem-narrador, Ricardito, que, como eu, trabalha com idiomas, idealiza a vida na Europa, idealiza o amor, passa por cima do orgulho próprio por este e, invaravelmente, se fode. Todos os dias lia um pouquinho enquanto fazia o número dois e me chocava com as merdas que "niña mala" fazia.

Cumpri todos os objetivos. Comprei um casaco de couro, saí bastante, aproveitei a talvez única chance de passar um tempo com o Chico Latino e consegui explicar para ele que não poderíamos parar nossas vidas pensando um no outro, que ele ia, sim, sair com os amigos, beijar na boca, arranjar um namoradinho, assim como eu, e que, se as estrelas e os deuses quiserem, um dia iríamos acabar batendo na porta um do outro.

Mas isso foi só metade da jornada. Voltei para São Paulo onde teria que encontrar Alfie e explicar para ele que dormi com quinze dias com o Chico Latino mas que estava pronto para ele. Claro que não colou! Óbvio que não colaria!

Terminei o livro na véspera da conversa com Alfie, entrevi o futuro e me acabei de chorar, pois vi que eu não era o Ricardito, mas a Niña Mala. Notei que com minha indecisão, meu medo de perder os dois niños buenos que tinha diante de mim, magoei ambos e acabei sem nenhum, merecidamente. Karmicamente.

Agora, enquanto Norah Jones e Amy Winehouse cantam repetidas vezes no meu estéreo, tento recolher os caquinhos que me restam e tomar coragem para recomeçar a jornada. Antes, porém, convém chafurdar um pouquinho mais na lama aqui do fundo do poço.